As expressões verbais da piedade popular cristã são mais profundas do que podem parecer à primeira vista. Por trás da sua aparente simplicidade, existem enunciados metafísicos da mais alta grandeza.
Qualquer pessoa que tenha vivido alguns anos neste mundo e não seja um completo maluco ou soberbo (há diferença?) sabe que existe uma infinidade de acontecimentos que escapam parcial e/ou completamente ao nosso controle, para o bem e/ou para o mal. O mundo pagão chama a esses fenômenos por uma porção de nomes distintos: sorte, azar, destino, fortuna, acaso, entre outros.
O cristão entende que tudo o que sucede ou deixa de suceder repousa sob o olhar infinito, onisciente e misericordioso de Deus. "Não se vendem dois passarinhos por um asse? No entanto, nenhum cai por terra sem a vontade de vosso Pai. Até os cabelos de vossa cabeça estão todos contados." (São Mateus 10, 29-30.) E a essa cadeia de eventos se dá o nome de divina Providência. Tudo o que acontece na vida humana é um encadeamento entre os desígnios de Deus e a nossa correspondência à Sua graça.
Por isso, há uma imensa sabedoria no dito popular "graças a Deus!" Por trás do que parece ser um simples agradecimento (como usado pela maioria das pessoas) existe profunda metafísica. De fato, tudo o que acontece ou deixa de acontecer é graças a Deus, isto é, tem sua origem última na causa das causas, na causa final (que é Deus).
O cético dirá que "graças a Deus" é um reducionismo primitivo que atribui à divindade a causa daquilo que não conseguimos explicar. Mas acontece que o erro do cético é não perceber que uma coisa não exclui a outra. Sim, existe um reducionismo, mas ele é meramente de classe sintática, não ontológica. A expressão "graças a Deus", assim como "Deus te abençoe", "vai com Deus", entre outras, encapsula uma série de pressupostos e enunciados que por questões de ordem prática evidentes, não vão ser pensadas ou ditas a todo momento. Devemos meditar essas coisas sempre que possível, no entanto.
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