O termo "burguês" anda um pouco fora de moda, mas a sua substância é uma das grandes definidoras da nossa época.
O sentido original do termo era bastante simples: os habitantes dos burgos, isto é, as cidades. Pequenos comerciantes e artesãos.
Na época de Marx, estes sujeitos já haviam se tornado os poderosos capitalistas e esse é sentido que a maioria das pessoas ainda conserva em seu imaginário.
Mas o sentido mais profundo do termo, na minha opinião, não se resume a uma mera classificação sócio-econômica; o burguês, em contraposição à nobreza, era aquele que detinha poucas virtudes e tampouco se preocupava em adquiri-las.
O homem medíocre, que olha apenas para próprio umbigo e às realidades mais imediatas, materiais. O homem do seu tempo, míope para a eternidade e o transcendente.
Nesse sentido, o burguês seria hoje talvez a classe média, mas a verdade é que o processo de aburguesamento tomou conta de todas as camadas sociais do mundo ocidental e boa parte do oriente também.
Os nobres ideais cristãos que inspiraram o surgimento de uma casta aristocrática, como a caridade, o espírito de sacrifício, o desprendimento dos bens materiais, foram substituídos na consciência coletiva pelos seus opostos: o egoísmo, a busca do prazer e do conforto, a satisfação de si e para si.
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